Dos 8 aos 17 anos, estudei em colégio de freiras, do tipo que só aceitava meninas. E por todo o resto da minha vida sempre me deparei com uma série de preconceitos que as pessoas costumam formular contra essas instituições.
A mais comum: "as freiras são malvadas, ao contrário do que a religião delas prega.". Mas há outras: "colégio feminino serve para formar mulheres submissas" e "colégio religioso é um tipo de prisão".
Talvez eu tenha tido muita sorte, mas nos três colégios pelos quais passei nunca me senti numa prisão. Em um deles, me lembro bem, a grande maioria das alunas ia ao colégio aos sábados, voluntariamente, para praticar atividades esportivas e culturais. Um clube de final de semana.
E se essas escolas pretendiam me tornar submissa, fizeram um trabalho muito mal-feito. Em uma delas, nos anos finais da ditadura, discutíamos os pontos positivos e negativos dos serviços públicos, e aprendíamos o significado de cada um dos artigos da Constituição que tratam dos direitos e garantias individuais. Somente hoje eu tenho consciência de que não era qualquer colégio que permitiria esse tipo de discussão naqueles tempos repressores.
Em uma turma só de meninas, muitas se destacaram como contestadoras e como garotas de opinião. Imagino que a presença de garotos na turma traria algumas vantagens, mas muitos talentos ficariam ocultos. Não estou sendo preconceituosa, não! Ainda hoje há professores que consideram as meninas menos aptas para a Matemática do que os meninos. Naquela época eu não tinha a menor idéia sobre isso.
Na verdade, estávamos protegidas da guerra dos sexos. Dentro da escola podíamos cultivar nossos talentos, ser líderes, participar do Grêmio, e ninguém nunca nos disse: "isso é coisa de menino".
Nesse contexto, as aulas de culinária eram apenas uma oportunidade de desenvolver um talento a mais. A professora, D. Vanda, era uma senhora já de certa idade, que fazia questão de que sempre usássemos avental, e lenço na cabeça. Com ela aprendi a fazer molho de tomate, em épocas anteriores ao molho enlatado. Esse evento foi muito importante, porque antes disso, eu não aceitava nenhum molho no macarrão!
Mas a receita de D. Vanda que eu mais repito, hoje em dia, é o bolo de cenoura, novidade na época, mas que hoje é absolutamente popular.
Bolo de Cenoura com Calda de Chocolate
2 cenouras grandes
4 ovos
1 xícara de óleo
2 xícaras de farinha de trigo
2 xícaras de açúcar
1 colher (de sopa) de fermento
Bata no liqüidificador os ovos e o óleo. Junte as cenouras, raspadas e picadas, e, por fim, o açúcar. Em uma vasilha, peneire a farinha e o fermento. A eles, junte a mistura do liqüidificador e misture bem. Asse em forma untada e polvilhada.
Calda de chocolate
8 colheres (de sopa) de açúcar
4 colheres (de sopa) de leite
3 colheres (de sopa) de chocolate em pó
3 colheres (de sopa) de margarina de culinária
Misture tudo e leve ao fogo até engrossar. Espalhe sobre o bolo já assado.
Dica – Evite as margarinas cremosas e halvarinas na cobertura. O resultado é melhor com margarina de culinária.